sábado, 7 de abril de 2012

A passar, inverno.


Tenho escrito pouco no blog porque tenho vivido o pico do meu momento introspectivo. Além de ocupada com compromissos de trabalho e estudo, temos nos falado bastante nos últimos dias. Precisamente por isso volto a escrever. Preciso digerir o que passou, o que falamos um para o outro.

Aqui, já não jaz um morto insone. A dor continua adormecida: aumentou, mas a sinto menos. Mesmo as últimas notícias não foram suficientes para alterar o meu estado. E, não obstante, pela primeira vez em meses, sinto que acabou. Não porque deixamos de nos amar. Como é bem comum em casos como o nosso – declaramos, inclusive, isso em nossas conversas – o amor está lentamente se transformando em amizade, admiração.

Surpreendentemente, não estou chorando enquanto escrevo isso. E me pergunto que revolução é essa que se operou silenciosamente dentro de mim. Não estou chorando... Como demorou para que eu conseguisse isso! Passaram-se quatro meses do início da tempestade. Recentemente, as pessoas passaram a me abordar para dizer o quão bem (supostamente) estou. Devo estar.

Quando olho para esse blog e vejo lágrimas nas palavras que ele ostenta, não posso mais imaginar o tamanho do sofrimento que elas escondem. Claro, guardo a memória de uma dor insuportável que devo evitar. Uma dor que de tão grande tornou-se física. Mal pude aguentar. Eis talvez um motivo da sensação de fim - não de télos, finalidade; de termo, conclusão, talvez mesmo morte.

São novos tempos... A dramaticidade romântica arrefeceu. Me sinto feliz. Mais livre. Eu. Me sinto eu. Lamento que só consiga me sentir assim sozinha. A questão da solidão, posta desde o princípio, permanece a me assombrar. É, enfim, uma questão em aberto, como, aliás, o são tantas outras que ainda ocuparão os espaços dessa nuvem de inverno. (março/abril 2012)