Tenho escrito pouco no blog porque
tenho vivido o pico do meu momento introspectivo. Além de ocupada com
compromissos de trabalho e estudo, temos nos falado bastante nos últimos dias.
Precisamente por isso volto a escrever. Preciso digerir o que passou, o que
falamos um para o outro.
Aqui, já não jaz um morto insone. A
dor continua adormecida: aumentou, mas a sinto menos. Mesmo as últimas
notícias não foram suficientes para alterar o meu estado. E, não obstante, pela
primeira vez em meses, sinto que acabou. Não porque deixamos de nos amar. Como
é bem comum em casos como o nosso – declaramos, inclusive, isso em nossas
conversas – o amor está lentamente se transformando em amizade, admiração.
Surpreendentemente, não estou
chorando enquanto escrevo isso. E me pergunto que revolução é essa que se
operou silenciosamente dentro de mim. Não estou chorando... Como demorou para
que eu conseguisse isso! Passaram-se quatro meses do início da tempestade. Recentemente, as pessoas passaram a me abordar para
dizer o quão bem (supostamente) estou. Devo estar.
Quando olho para esse blog e vejo lágrimas
nas palavras que ele ostenta, não posso mais imaginar o tamanho do
sofrimento que elas escondem. Claro, guardo a memória de uma dor insuportável que devo evitar. Uma
dor que de tão grande tornou-se física. Mal pude aguentar. Eis talvez um motivo da sensação de fim - não de télos, finalidade; de termo, conclusão, talvez mesmo morte.
São novos tempos... A dramaticidade
romântica arrefeceu. Me sinto feliz. Mais livre. Eu. Me sinto eu. Lamento que só consiga me sentir assim sozinha. A questão da solidão, posta desde
o princípio, permanece a me assombrar. É, enfim, uma questão em aberto, como, aliás, o são tantas
outras que ainda ocuparão os espaços dessa nuvem de inverno. (março/abril 2012)
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