Hoje é sábado de carnaval. O primeiro em dois anos sem você, me parece.
E não fiz nada. Não tive forças. Estou bem, mas, não sei... simplesmente não
consegui fazer nada. Relendo há pouco as páginas finais de a "Invenção de
Morel" o personagem principal diz: "Quanto à dor, tenho uma impressão
absurda: parece-me que aumenta, mas a sinto menos." Estou certamente nesse
estágio de resignação em relação a nós dois. A dor aumenta; já me acostumei com
a sua companhia. Torna-se, por isso, imperceptível por alguns instantes. Vive,
no entanto, adormecida em mim junto a sua memória. Sabe, já cheguei a pensar que
escrever esse blog fosse loucura, que só piorasse as coisas. O fato, no
entanto, é que tem me ajudado a te evitar, superar e a deixar de recorrer a
você sempre que a saudade me acomete. Bom, no final do livro - como, aliás, em
todos os romances bobos - esse mesmo personagem principal se mata por amor. Ele
escolhe a eternidade e a alienação como forma de se aproximar de uma mulher que
ele nunca conheceu de verdade, com quem nunca conversou ou tocou, mas por quem,
não obstante, se apaixonou. Tenho medo de, também eu, estar morrendo. Ficar em
casa hoje me fez pensar o quão isolada estou das pessoas. E que você está
provavelmente se divertindo, enquanto eu estou aqui... Não sinto nada. Não
sinto alegria e não sinto tristeza. Zerada como nunca antes na minha história... (fevereiro 2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário